As empresas vão crescendo, vão se profissionalizando, vão se internacionalizando, e vão ... inchando. É tanta gente que ninguém, ninguém, na empresa é capaz de dizer o que aquela gente toda faz.
Até a década de 1980 eu sabia dizer de cabeça todos os modelos de carro que eram comercializados no Brasil. Hoje não ousaria nem começar a fazer a relação, pois de cabeça talvez eu saiba ralacionar no máximo uns 10% dos modelos que estão à disposição do consumidor.
Também em relação às empresas, até o final dos anos 1990 eu saberia dizer de cabeça um organograma relativamente padrão de uma grande empresa qualquer. Atualmente, não me arrisco nem a começar. É tanto cargo sendo criado que para tentar relacioná-los eu precisaria fazer profunda pesquisa. E no exato instante em que a pesquisa fosse divulgada, já estaria desatualizada...
Bem, se as empresas vão se enchendo de gente, esse povo todo precisa arrumar o que fazer. E muitas vezes "arrumar o que fazer" significa que trabalharão criando regras, controles, burocracia além do necessário, criando um clima de loucura e histeria dentro da empresa, e tornando a vida dos concorrentes muito mais fácil (se os concorrentes também não tivéssem muito mais gente do que precisam...). Lá no chão de fábrica alguns "Zés" dão duro para pagar o salário dessa moçada toda.
Por instintito de sobrevivência dessa multidão de gente, as grandes empresas passaram a funcionar assim: todo o processo decisório é extremamente lento, são reuniões e reuniões, afinal todo mundo tem que aparecer para ser visto, para opinar ou questionar, para que fique gravado no subconsciente dos demais que fulano ou fulana estava lá, participando (como são importantes e necessários). Contudo, na hora de efetivamente decidir, todos vão dando um jeito de tirar o corpo fora. Todos querem estar na seguinte situação: se a decisão der certo, os colegas lembrarão que eu participei e também colherei os louros; por outro lado se a decisão der errado ninguém encontrará em lugar nenhum o meu nome dando respaldo a tal decisão, de forma que estarei livre para criticá-la ("como não perceberam que iria dar errado?").
Se alguém for procurar quem efetivamente tomou a decisão no meio daquela multidão de gente, talvez não consiga descobrir quem foi. Se conseguir descobrir, talvez a decisão tenha sido tomada por alguns daqueles poucos que estão lá para efetivamente fazer a coisa andar, e correr os riscos que a tomada de decisões implica. Se a decisão der errado, provavelmente pagarão com seus empregos, enquanto aos papagaios de reunião nada acontecerá. Ou melhor, acontecerá, no final do ano todos receberão ótimos bônus...
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
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