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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Um dia na vida de um brasileiro que precisa trabalhar

"O Brasil está em boas mãos, nas mãos do povo brazileiro", diz a musiquinha da propaganda da Dilma. Eta mãos boas, estas, mais de 50% da população não possui esgoto, milhões moram em favela, 80% são analfabetos funcionais, a infraestrutura não existe.

Azar de quem tem que viver e trabalhar aqui...

Hoje estou em São Paulo. Planejei para ontem sair da minha cidade ao fim da tarde, a tempo de chegar a São Paulo para o jantar, dormir a quantidade de hora necessárias, e estar pronto para o trabalho no dia seguinte. Inocência minha, esqueci que "o Brasil está em boas mãos, nas mãos do povo brasileiro"...

Cheguei ao aeroporto com antecedência, como sempre faço. Sem que eu perguntasse, a moça do check in da Tam informou que o meu vôo para Congonhas estava confirmado no horário. Fiquei feliz com a informação.

Fui até a sala vip da Tam e, novamente sem perguntar, recebi a informação de que o vôo estava confirmado no horário.

Fiquei algum tempo na sala, depois saí para andar na área de embarque. Ao passar em frente a um terminal consultei meu vôo e lá estava: "confirmado".

Em tantos anos de viagens nunca tive um vôo tão confirmado na minha vida, três confirmações.

Mas eis que, de repente, vem a informação pelo sistema de som: o vôo para Congonhas está cancelado. Sem explicações. Na sala de embarque umas 20 pessoas aguardavam este vôo, e creio que esta é a explicação mais convincente par ao cancelamento - tinha pouco passageiro.

Então, nos acomodaram num vôo para Guarulhos. Meu hotel fica a 20 minutos de Congonhas e o taxi custa R$25. De Guarulhos é mais de uma hora, e o taxi custa R$120. Já fiquei um pouco irritado mas, dos males o menor. Pelo menos chegaria em São Paulo, embora talvez não desse tempo de jantar.

Efetivamente chegamos a Guarulhos. Depois de 40 minutos aguardando em frente à esteira todos os passageiros que haviam sido remanejados do vôo de Congonhas foram chamados pelo sistema de som. A notícia era: "sua bagagem não veio". Formou-se a longa fila para preencher o formulário de extravio de bagagem. Não tinha mais jantar...

Depois de muito tempo, com o formulário em mãos, mas sem roupa, sem escova de dente, sem desodorante, sem barbeador, fui em direção ao taxi. Não contei um por um, mas mais de 200 pessoas esperavam na fila. Como respeito as regras do jogo, entrei no último lugar da fila. Em breve formou-se uma fila paralela. Depois de algum tempo a fila paralela começou a andar muito mais rápido do que a fila original.

Depois de uma hora na fila não aguentei e explodi. Comecei a berrar com os fiscais e perguntar se a tarifa da fila paralela era mais cara, já que andava mais rápido. Um passageiro atrás de mim explodiu mais ainda, e começou a gritar com todos e usar palavras pouco recomendáveis.

Só nós dois, os outros duzentos aguardavam bovinamente ("O Brasil está em boas mãos...").

Depois dos berros, arrumaram um taxi para mim. Quando embarquei vi que o outro passageiro que reclamara estava cercado por seguranças que ameaçavam, aos gritos, bater nele. E ninguém na fila fazia nada.

Cheguei ao hotel depois da 1h da manhã. Pedi para me acordarem às 7h. Às 5h em ponto disparou um alarme no meu andar. Eu acho que era o alarme de incêndio do hotel, mas eles negam. O tal alarme soou por 20 minutos. Não consegui dormir mais.

O Brasil está em boas mãos...

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