Pesquisar este blog

sexta-feira, 30 de maio de 2014

De Colombo Mendes

Por aqui, grupos muito mobilizados e engajados regulamentam a educação parental, com a pretensão de impedir que pais dêem palmadas em seus filhos para ensiná-los a ter modos e a respeitar os mais velhos. Por outro lado, é possível pleitear, com a ajuda dos mesmos grupos, o assassinato do filho ainda no ventre materno. E nós, o povo, o que pensamos disto? Bem, em geral, somos contra, mas, porque não queremos perder amigos e tempo com discussões, deixamos para lá. Ademais, a palmada é dada a olhos vistos, o que fere nossos sentidos, enquanto o aborto é feito às escondidas, por debaixo dos panos. “O que o coração não vê os olhos não sentem” – deveria ser esta a inscrição da bandeira nacional.
Piada, não; exposição extremada, sim. Palmada, não; morte, sim.

Por aqui, enfim, são atacadas as sensações, as manifestações mais superficiais do comportamento, cujas conseqüências, em verdade, são inócuas; contudo, ações realmente graves são liberadas e, pior, até mesmo estimuladas.

É por isso que choramos de emoção quando uma faxineira devolve uma bolsa com 10 mil reais a seu dono (somos gente boa, lembra?), mas damos de ombros quando o presidente da república, outrora sindicalista humilde, transforma-se num dos homens mais ricos da corte (não vamos perder tempo nem amigos discutindo, lembra?). É por isso que há comoção nacional quando vem a público algum vídeo de algum maluco espancando um animal, mas há indiferença quando sabemos que 50 mil pessoas morrem por ano em função da violência. De fato, somos muito ordinários.

Nenhum comentário:

Postar um comentário