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sexta-feira, 9 de maio de 2014

De Francisco Escorsim

Seria o caso de perguntar em que ponto o amor-próprio se torna doença e volta-se contra si mesmo. Mas acredito que quando se torna mania publicar selfies logo que consumado o ato sexual (#AfterSex), ou sua variante a mostrar como ficou seu cabelo depois (#AfterSexHair), ou para mostrar sua roupa e expressão facial quando se está num funeral (#funeral), enfim, quando chegamos a isso, algo me diz que aquele ponto já foi ultrapassado faz tempo e falar de limites seria até interessante, mas tão produtivo quanto analisar o pênalti perdido por Zico na Copa de 1986.

Na verdade, embora quando se fale de narcisismo logo venha à mente vaidade, seu significado tem mais a ver com entorpecimento, que vem da origem grega do seu nome, narkhé. E é essa, parece-me, a marca registrada do narcisismo do nosso tempo, que já se fez antigo e, pelo visto, perdurará bastante. Estamos entorpecidos, narcotizados moral e espiritualmente, tanto que dá sono só de ler essas palavrinhas, como se a mera menção despertasse um fiscal chato com a única finalidade de estragar prazeres. É proibido proibir, e beijinho no ombro a quem discorda.

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