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terça-feira, 6 de maio de 2014

Do Rodrigo Constantino

A natureza humana, na visão dos mais pessimistas (ou realistas), não é flor que se cheire.
Essa é a premissa dos conservadores e muitos liberais de forma geral, ao contrário de boa parte da esquerda que acredita, com Rousseau, no “bom selvagem” e na perfectibilidade humana. Para os conservadores, a metáfora do “pecado original”, do “anjo caído”, captura melhor quem somos: bestas humanas em potencial.
Foi Joseph Conrad quem melhor descreveu isso em seu magnífico Coração das Trevas, sobre o imperialismo belga no Congo. Quando se suspende os freios da civilização, o que resta é apenas “o horror, o horror”. Algo difícil até de colocar em palavras.
Não vamos esquecer que as pessoas sempre gostaram de assistir enforcamentos em praças públicas, ou de frequentar o Coliseu. A maioria escolheu crucificar Cristo e soltar o ladrão Barrabás. Ao sabor das fofocas ou de acusações muitas vezes levianas, a psicologia das massas se encarrega de pegar a fagulha e transformá-la em incêndio. As redes sociais modernas potencializam o fenômeno. Gustave Le Bon, em seu livro sobre a psicologia das multidões, escreveu:
“Uma massa é como um selvagem; não está preparada para admitir que algo possa ficar entre seu desejo e a realização deste desejo. Ela forma um único ser e fica sujeita à lei de unidade mental das massas. Como tudo pertence ao campo dos sentimentos, o mais eminente dos homens dificilmente supera o padrão dos indivíduos mais ordinários. Eles não podem nunca realizar atos que demandem elevado grau de inteligência. Em massas, é a estupidez, não a inteligência que é acumulada. O sentimento de responsabilidade que sempre controla os indivíduos desaparece completamente. Todo sentimento e ato são contagiosos. O homem desce diversos degraus na escada da civilização. Isoladamente, ele pode ser um indivíduo; na massa, ele é um bárbaro, isto é, uma criatura agindo por instinto”.

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