Hoje tive o desprazer de ter que passar por uma reunião com um fiscal da receita.
O fiscal compareceu para a reunião de camiseta, calça jeans e tênis.
Iniciou a reunião aos gritos, e "sonegador" foi a palavra mais suave que utilizou, além de se referir a todo o momento a um hipotético processo criminal por sonegação. Muito palavrão no vocabulário utilizado pela autoridade.
A certa altura, saiu-se com a seguinte pérola: "a minha posição de fiscal é muito confortável. eu posso levantar o que eu quiser, mesmo que eu saiba que eu estou errado e que você está certo. só que depois que eu levanto, o custo e o transtorno de provar que eu estou errado é seu".
Lá pelas tantas o digníssimo percebeu que estava batendo na porta errada, e começou a amaciar o tom. Tanto, que passou até a fazer uma espécie de terapia da sua vida mediocre.
E eu, cidadão, a tudo tendo que assistir com um sorriso amarelo nos lábios.
Este acontecimento demonstra bem como se dá a relação entre cidadão e funcionário público no Brasil. Quando é para sair na mídia, eles fazem questão de serem tratados como "servidores", como se vivessem para servir. Precisam estar sempre batendo nesta tecla do "servidor" no inconsciente coletivo, com receio de que um dia o povo patrão se dê conta das mordomias públicas e resolva criar vergonha na cara.
Já quando a relação é direta com o cidadão, o tratamento é na linha do que foi escrito acima, afinal, o tal "servidor" sabe que ele é o rei da situação, quem tem o poder formal do seu lado, e o cidadão do outro lado da mesa não é nada.
Nós, como povo, ainda precisamos nos desenvolver muito para sermos considerados subdesenvolvidos.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
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