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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Do Reinaldo Azevedo

"O mundo está entrando numa quadra difícil. Desde que me ocupo da política — e eu comecei a me interessar muito cedo por isso, como sabem alguns dos meus professores do ginásio, que, felizmente, ainda estão por aí, firmes e fortes — , não me lembro de momento em que valores fundamentais da democracia estivessem sob tão forte especulação. Se o mercado venceu a batalha contra as chamadas economias planificadas — a esta altura, ninguém mais contesta isso; talvez só Fernando Haddad, que anteviu a sobrevivência do regime soviético, pouco antes de ele acabar… — , tenho certo receio de que a democracia representativa esteja perdendo a batalha para formas autoritárias de governo que trazem, vejam que curioso!, a marca da suposta “democracia direta”, que viria a substituir a outra (como se houvesse “outra”), considerada ineficaz para responder às demandas dos “oprimidos”. Num regime democrático, os “oprimidos”, noto à margem, são uma construção ideológica daqueles que falam em seu nome. A questão é lógica: se oprimidos, não se organizam nem se expressam; se o fazem, oprimidos não são, mas uma força política que disputa o poder. Se, mesmo no poder, querem conservar a aura de oprimidos, então são fascistas."

"Correntes de opinião de vários países democráticos, que disputam eleições e participam do jogo político, com um ideário que cabe em suas respectivas constituições, passam a ser tratadas como párias. Quantos textos bucéfalos vocês leram sustentando que o psicopata norueguês revelaria a real face da chamada extrema direita européia e até americana? Procurem: a delinqüência intelectual de certos “progressistas” chegou a associar o homicida ao Tea Party. Aprende-se, assim, que todas as forças políticas européias ou americanas que lutam pela preservação de alguns valores que consideram inegociáveis — muitos deles são pilares da democracia — seriam de inspiração fascista; toda proposta que tenta conter a imigração ilegal (que acaba sempre “legalizada”) seria necessariamente xenófoba; toda e qualquer contestação mesmo dos aspectos mais obscurantistas do islamismo seriam necessariamente preconceituosas. Vale dizer: a única pauta legítima, então, é a das esquerdas européias ou dos liberais americanos. Na Europa, a cascata não está colando junto ao eleitorado; nos EUA, vamos ver. Na América Latina, os especuladores contra a ordem democrática vivem, digamos assim, um “bom momento”."

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