segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Faz de conta
Sou um permanente revoltado, que não consegue se adequar à vida moderna. Sem força para mudar o mundo, sigo reclamando pelos cantos, como o Mutley.
Realmente me sinto como um ET que foi desembarcado aqui num planeta estranho, o qual não compreendo, e, pior, com o qual não concordo.
A vida moderna se transformou num grande faz de conta, onde tudo é artificial, tudo é “de mentirinha”. E a “galera” não vê nada errado nisso.
Por trabalhar com muitos jovens, tenho ido a várias formaturas. O primeiro ponto a destacar é a chatice do cerimonial. Todas são absolutamente iguais. Onde está a criatividade da juventude? É com gente que só sabe fazer cópia que vamos disputar nosso lugar no mundo do futuro? Se pelo menos se contentassem com salários em padrão chinês...
Mas isto não é o pior, afinal, por mais chatas que sejam as cerimônias, elas passam. O pior é que, de fato, os alunos saem da faculdade como entraram – sem saber nada sobre a profissão. Aqueles que aprenderam alguma coisa, o aprenderam em seus ambientes de trabalho, não nas faculdades. E ninguém vê nada errado nisto, nem governo, nem alunos, nem os pais, que pagam pela enganação. Vejo muitos pais chorando nas solenidades, mas não é pelo dinheiro jogado fora...
Agora o grande teatro, o grande faz de conta – em meio aos discursos chatíssimos os oradores falam do “grande sacrifício” que tiveram que fazer para se formar, das “muitas horas de estudo”, da “infinidade” de livros que tiveram que ler, de terem que “abrir mão” do convívio familiar. E os babacas, digo, os professores sentados à mesa da presidência da solenidade fazem que sim com a cabeça, como aqueles conselheiros que aparecem nas reuniões das empresas das novelas da Globo.
Que sacrifício? A menos que preparar colas seja considerado sacrifício.
Abrir mão do convívio familiar? Só se for para passar mais horas no bar da faculdade, enquanto matam aulas.
Montanhas de livros? Só se for para substituir o pé quebrado da cama. Creio até que muitos formandos possuem deficiências graves de alfabetização.
Qual o prazo de validade de um país de faz de conta?
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