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quarta-feira, 2 de março de 2011

Do Marcos Bueira

"Hoje, porém, a representação política não é mais tema de discussão como há alguns anos. Há, na verdade, um consenso geral de que a representação política representa algo, e que esse "algo" são os interesses de grupos de pressão e de interesses. E existe, ainda, um consenso sobre a formatação da representação: representantes devem representar a "opinião pública", o senso comum.

Com base nisso, infelizmente, hoje, a representação política em muitas democracias ou em regimes disformes, como é o caso do Brasil, cultua um objeto novo, trazido para dentro do cenário político desde fora, isto é, desde a máquina dos mass media e dos agentes culturais: trata-se do "politicamente correto", uma espécie de senso comum fabricado. Então, a representação política, nos moldes colocados pela nova visão, cinge-se a dizer que o eleito deve fazer valer o apoio de seus grupos que, em última análise, formam a opinião pública. Por isso, a legitimação da representação estaria em corresponder, ipsis litteris, aos anseios desses grupos que tanto apóiam suas candidaturas como também despejam milhões de cifras na cultura de massas. Resultado: uma cultura formada de cima para baixo, representada e tornada "política" mediante a aprovação de leis e atos normativos. Assim, a fórmula da representação política da atualidade consiste em tornar determinados grupos representáveis e juridificar seus objetivos culturais. Um Parlamento a serviço de grupos. O Direito como servo de grupos de interesses. O eleitor como um homo videns, na expressão de Giovanni Sartori.

Portanto, podemos dizer que, através da nova fórmula de representação política, o Poder Público e a comunidade política estão sendo repartidos por grupos que, no final das contas, tornam em normas jurídicas suas predileções perversas."

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