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domingo, 13 de março de 2011

O comerciante

"Do mesmo mdo que sustento minha vida não por meio do roubo nem de esmolas, e sim por meu próprio esforço, também não tento buscar minha felicidade na desgraça dos outros nem os favores que os outros me concedam, porém a ela faço jus por minhas realizações. Do mesmo modo que não considero o prazer dos outros o objetivo da minha vida, também não considero o meu prazer o objetivo da vida dos outros. Assim como não há contradições nos meus valores nem conflitos nos meus desejos, ,também não há vítimas nem conflitos de interesse entre homens racionais, que não desejam o imerecido nem se encaram uns aos outros com uma volúpia de canibal, homens que nem fazem sacrifícios nem os aceitam.

O símbolo de todos os relacionamentos entre tais homens, o símbolo moral do respeito pelos seres humanos, é o comerciante. Nós, que vivemos dos valores e não do saque, somos comerciantes, tanto na matéria quanto no espírito. O comerciante é o homem que faz jus àquilo que recebe e não dá nem toma para si o que é imerecido. O comerciante não pede que lhe paguem por seus fracassos, nem que o amem por seus defeitos. Ele não desperdiça seu corpo como sacrifício, nem sua alma como esmola. Do mesmo modo que ele só dá seu trabalho em troca de valores materiais, ele também só dá seu espírito - seu amor, sua amizade, sua estima - em pagamento e em troca de virtudes humanas, em pagamento de seu próprio prazer egoísta, que recebe de homens merecedores de seu respeito. Os parasitas místicos que, em todas as eras, insultaram o comerciante e o desprezaram, ao mesmo tempo que honraram os mendigos e os saqueadores, sempre souberam o motivo secreto de sua zombaria: o comerciante é a entidade que eles temem - o homem justo."

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