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quinta-feira, 10 de março de 2011

Do Reinaldo Azevedo

"Obama é pateticamente despreparado. A Casa Branca é hoje um ajuntamento de saberetas buliçosos testando teses. Trata-se de um arremedo de governo que age em nome de supostos valores universais, mas que pode deixar o mundo à beira do caos em virtude desse despreparo. Alguns cretinos diziam até outro dia que estava tendo de se haver com a herança maldita (oh, sempre ela!) de Bush no Iraque e no Afeganistão e que era molestado, internamente, pela extrema direita republicana, que se opunha a seu programa de saúde… Bem, vocês conhecem a vocação dos “esquerdistas democráticos” para pichar a democracia. Pois bem: a crise de agora do Oriente Médio não deve nada ao passado; também não deriva da ação dos inimigos republicanos. Evidentemente, não se trata de uma criação do próprio Obama. O que importa é o modo como ele reagiu e tem reagido.

Trata-se de um governo sem eixo, refém da opinião pública e obcecado pelo propósito de não contrariar ninguém, o que o leva a não ter agenda. A maior máquina militar do planeta é hoje caudatária de movimentos nos países árabes cuja origem ignora. Se Kadafi esmaga a revolta, não poderá ficar no poder; e isso é um desastre. Se Kadafi cai sem a interferência americana, os EUA serão acusados de omissos e vistos como inimigo por parte da população, e isso é um desastre. Se Kadafi cai com a intervenção americana, ela terá de ser menos breve do que muitos gostariam, e os americanos serão vistos como inimigos pela outra parte da população, e isso é um desastre.

Obama corre o risco de se tornar sócio da derrota da Kadafi e, obviamente, adversário de sua eventual, mas improvável, vitória. É preciso ser muito ruim para cair numa esparrela dessas. Nunca apostei em Obama, como sabem, mas, de algum modo, ele me surpreende: está abaixo das piores expectativas. As irresoluções e tolices de agora projetam um futuro sombrio para o Ocidente.E não pensem que também não estou na torcida pela primavera democrática dos países árabes. Eu também sou livre para torcer, como todo mundo."

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