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quarta-feira, 2 de março de 2011

Marqueteiros

Talvez ninguém conheça tão bem os brasileiros quanto os marqueteiros (à exceção do marqueteiro do Serra, que não conhece nada).

A transformação das campanhas políticas, que deveriam ser sérias, em peças publicitárias contribuiu para desmoralizar de vez o que restasse de seriedade na política.

Anos atrás Lula descobriu que havia milhões de pobres sem conta bancária. Era preciso inseri-los no sistema. Isto poderia ser feito através dos bancos existentes, com linhas especiais, ou através do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, se o governo desejasse criar condições muito especiais para estas contas. Mas não, Lula quis criar um banco novo, o Banco Popular do Brasil, subsidiária integral do Banco do Brasil. Os marqueteiros foram chamados e criaram a campanha: “nunca antes na história deste país os pobres tiveram um banco só deles”. Ou seja, pela propaganda oficial não bastava os pobres terem conta bancária. Para que a justiça social fosse feita ... era preciso que tivessem um banco só deles.

Após torrar algumas centenas de milhões de reais aconteceu com o Banco Popular do Brasil aquilo que acontece com tudo o que o PT toca – fracassou. Ano passado o BPB foi absorvido definitivamente pelo Banco do Brasil.

Os marqueteiros foram chamados às pressas ... e agora? Lá veio a campanha: “Agora os clientes do Banco Popular do Brasil passam a contar com toda a estrutura do Banco do Brasil”.

Ou seja, a questão acabou onde poderia ter começado, no próprio Banco do Brasil, mas a aventura custou algumas centenas de milhões de reais. E os marqueteiros faturaram no lançamento e no fracasso do projeto (transformado em sucesso de marqueting).

Se eu fosse marqueteiro, não saberia o que dizer ao público nos dois momentos acima. Mas eu não conheço o público, por isso não sou marqueteiro.

Desde muito tempo remédios para hipertensão e diabetes podem ser obtidos gratuitamente na rede pública. Agora Dilma resolveu dinamizar o processo – os tais remédios passam a ser distribuídos na rede Farmácia Popular. Só mudou o lugar em que o remédio é entregue. Os marqueteiros foram novamente chamados ... e lá veio a campanha: “Vivemos esperando, dias melhores ... a partir de agora o governo federal vai distribuir gratuitamente remédios para hipertensão e diabetes”. E o distinto público é tão nécio que até aqueles que já estavam acostumados a obter gratuitamente os remédios ficam felizes com o “novo” programa – remédio de graça. Ponto para Dilma. Ponto para os marqueteiros. Desesperança para o país de imbecis.

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