Quem não acredita em mágica, está por fora. No Brasil existe uma situação dotada de poderes mágicos - o concurso público.
O concurso público possui o poder mágico de transformar o cidadão comum num dia, em autoridade no dia seguinte.
O concurso público possui o poder mágico de isentar os aprovados das intempéries e exigências do mercado - serão sustentados pelo erário até o fim de seus dias, chova ou faça sol, trabalhem ou não trabalhem, evoluam tecnicamente ou não, produzam ou não produzam.
O concurso público possui o poder mágico de transformar, por exemplo, biólogos, químicos, bibliotecários, em auditores fiscais da receita federal. O concurso público possui o poder de transformar jovens bacharéis em direito, recém formados, que ainda moram com os pais, em delegados da Polícia Federal, onde irão de imediato "combater" as quadrilhas nacionais e internacionas de crime organizado. O concurso público possui o poder mágico de transformar jovens advogados, que vivem na balada, não casaram nem tiveram filhos, em juízes de família. Só o concurso público possui o poder mágico de transformar jovens advogados, que nunca entraram numa empresa na vida, em juízes do trabalho, para julgar as relações de trabalho, coisa que eles desconhecem.
Mas a mágica do concurso público produz um efeito que, em termos de magia, é superior aos anteriores.
No direito Brasileiro há a distinção entre o interesse público e o interesse privado, e todo o sistema legal e jurídico é estruturado de forma a privilegiar o interesse público, em detrimento do interesse privado.
E o que é o interesse público? Para responder esta pergunta há diversas teorias. Há governantes inclusive, como Lula e Roberto Requião, que entendem que o interesse público são eles. Há partidos, como o PT, que entendem ser o próprio interesse público.
Mas da forma como o sistema jurídico está estruturado o interesse público acaba se confundindo com o funcionário público. Então, a mágica dos concursos públicos transforma cidadãos no próprio interesse público. Viram só, Lula e Requião?
Num dia a pessoa é um cidadão comum, no dia seguinte passou num concurso e, a partir dali, todas as besteiras que disser representarão o "interesse público".
Quando nós, simples mortais, vamos discutir alguma coisa com um funcionário público já entramos em desvantagem, pois do outro lado da mesa está sentado o "interesse público".
Professores de universidades públicas adaptam as regras de seus concursos para que somente seus protegidos tenham acesso às vagas dos programas de mestrado e doutorado. E nada pode ser feito, pois eles agem em nome do "interesse público".
Toda a vez que paro para pensar sobre o Brasil, e faço isto bastante, desanimo. Neste país tudo precisa ser feito, tudo precisa ser reconstruído. Mas o pior é que para poder iniciar esta reconstrução precisamos antes zerar tudo o que já está aí, impregnado e sufocando o país há 509 anos.
Estou me sentindo um revolucionário...da revolução de um homem só....
quinta-feira, 5 de março de 2009
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