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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Idade mental

Cheguei a Porto Alegre e, como sempre, me hospedei na casa de meu pai. Quando cheguei hoje à tarde não havia ninguém em casa, de forma que sentei na recepção do prédio para esperar. Uma moradora puxou assunto. Papo vai, papo vem, chegamos ao seguinte assunto:

"O que a senhora faz?"

"Sou aposentada."

"Ahn."

"Sou funcionária pública, aposentada desde 1977."

"Ahn."

"E o senhor?"

"Trabalho. 14 horas por dia. Para pagar uma das maiores cargas tributárias do mundo, para custear a sua aposentadoria."

Evidentemente a última afirmação apenas passou pela minha cabeça, mas não falei.

Neste momento o congresso nacional trabalha célere para reverter as poucas reformas que foram feitas na previdência há mais de dez anos. Provando que o Brasil anda para trás.

Somos um país com 500 anos de história, mas com idade mental de 5 anos. Depois de 500 anos ainda não entendemos que nada cai do céu. Achamos que cai.

Bolsa família, bolsa funeral, bolsa celular, aposentadorias de 30 anos.

Só não inventaram ainda a bolsa desenvolvimento. Como não inventaram, nos condenamos permanentemente à miséria. Enquanto isto, os chineses trabalham. E um dia, com sorte, lustraremos os sapatos deles.

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