Trecho das páginas 330 e 331 do livro História do Brasil com Empreendedores, de Jorge Caldeira:
"Mais uma vez, a ação estatal no sistema de crédito não levava o Brasil na direção do capitalismo. O atraso, derivado da proteção estatal ao capital comercial, foi se tornando cada vez mais agudo - e ganhando outra natureza. Num tempo de crescimento geral, o país praticava uma política recessiva, algo que nem mesmo nos tempos do mercantilismo fizeram as nações agora capitalistas.
O sistema de crédito brasileiro, no novo padrão de comparação, se aproximava rapidamente da condição de fóssil vivo, com sua função de mantenedor do capital comercial por proteção estatal.
A política de juros altos, feita de modo deliberado pelo governo, teve o sentido inequívoco de favorecer o lado da propriedade inerte do capital e prejudicar aqueles que colocavam o capital em ação. Em outras palavras, favoreceu os usurários em prejuízo deliberado de empreendedores e empresários - agora já querendo se tornar capitalistas. E assim tornava maior o fosso que se abria entre a economia brasileira e as nações capitalistas.
Assim, embora sobrevivendo, a figura do empreendedor foi empurrada para um papel secundário pela história. No lugar de vencer as barreiras creditícias e fundar um capitalismo, manteve-se o caráter apenas mercantil da acumulação de capital - e toda a sociedade brasileira, ligada na rede dos adiantamentos não monetários do capital comercial, foi se tornando cada vez mais pobre em relação aos habitantes dos países capitalistas."
domingo, 14 de fevereiro de 2010
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