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sábado, 27 de fevereiro de 2010

A humanidade está apagando

Nós que temos entre 40 e 50 anos demos um azar danado. Vivemos nossas infâncias e adolescências numa época em que havia certeza que o futuro seria melhor. Nós, humanos, seríamos melhores, mais cultos, mais preparados. Na nossa maturidade viveríamos a era das viagens interplanetárias. Aguardávamos ansiosamente o futuro, como no texto de Nelson DeMille publicado aí ao lado.

Deu tudo errado.

No lugar da era das viagens interplanetárias ficou apenas a era em que a humanidade apagou.

No lugar de sermos mais preparados, ficou a vitória da ignorância, do despreparo. Um dia, quem sabe, Lula será eleito como o símbolo desta era. Ser ignorante está na moda. Saber comer, beber, fazer as necessidades fisiológicas e se relacionar sexualmente é visto como sendo suficiente para enfrentar a vida por uma grande quantidade de pessoas. Meritocracia? É vista como preconceito. Exigir, cobrar? A justiça do trabalho está aí para sepultar estas duas palavras.

Nestes tempos que vivemos a humanidade optou por dar marcha à ré no caminho da evolução, ou seja, voltamos a convergir com os animais. A cada dia somos menos humanos e mais animais.

Um grande feito da humanidade em seu processo evolutivo foi o desenvolvimento da capacidade de comunicação através da linguagem. O aperfeiçoamento da linguagem esteve sempre em linha com a nossa evolução. Ao decidir dar marcha à ré no processo, temos que também retroagir no processo de comunicação, até o ponto, no futuro, em que nos comunicaremos por urros.

É preciso matar a linguagem, e isso se faz tirando o valor comunicativo das palavras. Por exemplo, a palavra “amor” por si só não significa nada. Agora, quando sabemos o que ela simboliza, um sentimento profundo, aí sim ela adquire capacidade de comunicar. Tire o valor comunicativo das palavras e rapidamente retornamos ao estágio dos urros.

Lula é um dos líderes deste processo de destruição das palavras. Atrás dele, uma infinidade de lingüistas que entendem que o socialismo é mais importante do que a preservação da linguagem. As palavras saem da boca de Lula em profusão, o tempo todo. Mas raramente comunicam alguma coisa, na maioria das vezes é apenas barulho. Dilma segue a mesma cartilha.

Nesta semana fiquei 45 minutos aguardando na sala de espera de um consultório de dentista. À disposição, um lote de revistas Caras e Contigo. Comecei a folhear para passar o tempo. Nelas descobri o seguinte:

- a “atriz” Graziele Massafera fez algumas aulas de artes marciais para o seu papel em uma novela. Pela manchete da reportagem de várias páginas fiquei sabendo que “Grazi agora é samurai”. Como provavelmente as poucas aulas que a “atriz” fez não foram sequer suficientes para levá-la além da faixa branca (a mais básica), chamá-la de samurai serve apenas para avançar no processo de destruição da linguagem como forma de comunicação.

- Qualquer casalzinho recém formado de atores aparecia com a manchete: “fulano e fulana juram amor eterno e planejam baby”. Até acredito em amor à primeira vista, mas não acredito numa profusão de casos de amor à primeira vista. Então o que ocorre aqui é apenas o esvaziamento do significado da palavra amor, em linha com o processo de assassinato da linguagem. A manchete adequada provavelmente seria a seguinte: “fulano e fulana ficarão juntos enquanto durar o tesão. No meio do caminho é possível que apareça um “baby”, já que nascimento de filho de artista geralmente garante algumas capas de revistas para os pais.”

- Numa prova de que meu raciocínio está correto, de que as palavras começam a ser esvaziadas de significado, percebi que as palavras casado, grávida e solteira já não são mais suficientes para narrar fatos das vidas dos famosos. Desta forma, eles estão sempre “casadíssimos”, “gravidísimos” ou “solteiríssimos”. Na mesma linha, qualquer jovem ator não é mais um “gato”, mas um “super gato”. Nenhuma modelo é mais uma modelo, segundo as revistas todas agora são “top”. Se todas são top, o que está abaixo de top?

Lula, Dilma, revistas, televisão, escolas, conscientes ou não, atuam em conjunto para o objetivo comum – a regressão humana ao estágio animal.

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