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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Irracionais

Francis Fukuyama, citado na Veja desta semana, é o desmoralizado cientista político americano, autor de O Fim da História. Eu particularmente creio que a conclusão de Fukuyama estava correta, só que feita a partir de uma premissa equivocada, a premissa de que os povos agem com lógica e racionalidade. Pelo contrário, a maioria dos povos é bastante irracional. Quando agem em bando, então, quase todos perdem qualquer resquício de racionalidade, e eleições e revoluções são situações de bando.

A vida moderna é um festival de irracionalidades em todos os sentidos, que deixam louco quem tenta encontrar alguma lógica no comportamento humano.

Vamos a alguns exemplos de absoluta irracionalidade, sem nenhuma conexão entre si:

1. Dívida pública americana

Atualmente discute-se a elevação do teto da dívida americana como se fosse a salvação da economia mundial, pois evitaria um inimaginável calote naquela que é considerada a dívida “mais segura” do planeta, com conseqüências imprevisíveis.

A realidade, para qualquer calouro de economia, é a seguinte: os EUA são um país absolutamente quebrado, seu orçamento público é absolutamente insustentável, e sua dívida é absolutamente impagável. Os únicos efeitos reais da tal elevação do teto da dívida serão os seguintes: a) o momento do calote será postergado, b) quando ele ocorrer será muito maior.

Desta forma, aquilo que todas as cabeças pensantes da economia mundial enxergam como solução nada mais é do que um mascaramento do problema, com conseqüente agravamento das suas conseqüências.

2. Vale refeição

A lei do nosso país impede de pagar o vale refeição aos funcionários em dinheiro. Desta forma, as empresas precisam recorrer a empresas que comercializam vale refeição, e pagar um extra de 5% sobre o preço das refeições. Ou seja, as empresas pagam ágio para poder pagar as refeições dos seus funcionários.

Por outro lado, os funcionários querem mesmo é grana, ou seja, muitos, mas muitos mesmo, simplesmente vendem seus vales refeição em estabelecimentos comerciais, com deságios na faixa dos 15%.

Ágio da empresa (5%) + deságio dos funcionários (15%) = 20%.

Consequência desta lei imbecil – para o dinheiro chegar à mão do funcionário fica 20% pelo caminho, em mãos de quem nada produz.

3. Trânsito

Toda a semana, sem exceção, eu passo por motociclistas acidentados, estirados nas ruas ou nas calçadas, sendo socorridos por paramédicos.

A legislação de trânsito é cada vez mais exigente para com os automóveis: cinto de segurança obrigatório, suporte para a cabeça obrigatório, cadeirinha obrigatória, criança só no banco de trás, air bag obrigatório, entre outras.

Contudo, o pára-choque de quem anda de moto é sua própria cabeça, ou seu peito, e a legislação de trânsito não vê absolutamente nada de errado nisto.

Além disso, motos se transformaram, também, em ferramenta de trabalho de bandido. Assaltantes fogem em motos, para não ficarem presos no trânsito. Assaltantes param de moto ao lado do nosso carro e colocam o revólver nas nossas cabeças. Assaltantes passam de moto próximos às calçadas e arrancam bolsas de mulheres desatentas.

Houvesse um mínimo de racionalidade nos legisladores de trânsito e a circulação de motos seria proibida.

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