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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Brasil, 2020

“- Mamãe, tô com fome.
- Eu sei filhinha, e a mamãe tem se esforçado para conseguir comida. Mas a cota de comida que o governo nos dá para o mês só é suficiente para uma semana. O resto do mês a mamãe passa procurando restos em latas de lixo.
- A vovó me falou que antes havia comida à vontade. É verdade mamãe?
- Cuidado filhinha, essas coisas não podem ser ditas. É perigoso, o governo tem olhos e ouvidos por todos os lados. Mas é verdade sim. Antes do presidente Lula implantar a revolução bolivariana no Brasil, a gente tinha comida à vontade. A gente vivia reclamando sobre tudo, estávamos sempre insatisfeitos, mas reclamávamos de barriga cheia, literalmente.
- O presidente Lula já era presidente naquela época?
- Sim, filha.
- Nossa.
- Era uma época muito diferente, a gente podia falar mal do governo, podia viajar, tinha roupa. Mas havia algumas pessoas que percebiam sinais do que viria pela frente. Alguns críticos do governo já faziam blogs de forma anônima.”
- Blogs?
- Ah filha, era um negócio que você não conheceu, ligado a internet, computador. Coisas que a gente usava na época em que havia energia elétrica?
- Energia o quê?
- Esquece filha.
- Mamãe, por que mesmo sem comer quase nada a gente sente vontade de ir no banheiro?
- Não sei filha, são coisas do organismo.
- Pois é mãe, eu tô com vontade de ir no banheiro. Mas não tem com o que me limpar.
- Tem sim, filha. A vovó era assinante do jornal Falha de São Paulo na época em que havia comida, e a mamãe guardou uns exemplares. Pega aqui, esta folha. Pode ir no banheiro.
- Obrigado mamãe.”

Um comentário:

  1. Muito bom este diálogo, mas é assuatador saber que esta realidade nos aguarda num futuro muito próximo.

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