"Plebiscito pela reestatização da Vale" é o que lemos nos muros das nossas cidades. São frases escritas por "companheiros" que estão com dificuldade de se encostar em bocas públicas no governo federal e que, portanto, precisam de mais espaço (mais bocas).
O que não sabíamos é que a a Vale já havia sido reestatizada. Vejamos o que diz a revista Exame desta quinzena (Roger Agnelli é o presidente da Vale):
(fiz alguns cortes na reprodução do texto porquê o original é bastante longo)
"Poucos executivos tiveram mais motivos para se gabar de uma amizade estreita com o presidente Lula do que Roger Agnelli. Ao longo dos últimos anos, principalmente durante o segundo mandato de Lula, os dois alardearam camaradagem inúmeras vezes. Agnelli organizou reuniões para aproximar o empresariado do governo, de quem sempre foi um defensor. A crise mundial, porém, abalou o processo de expansão da Vale - e também os laços de amizade entre o presidente da república e Agnelli. Desde dezembro as broncas de Lula passaram a ser cada vez mais comuns. Nos últimos dois meses, o inconformismo do presidente chegou ao extremo - e ele decidiu tomar para si a prerrogativa de dizer onde, como e quando a Vale deve realizar seus investimentos. Lula declarou numa entrevista que o estado deve ter um papel indutor da economia e contou como persuadiu a Petrobrás a construir refinarias no nordeste. "A Vale entra nessa lógica minha", disse o presidente, num sinal evidente de que rpetende ter sobre a mineradora uma influência cada vez mais parecida com a que tem sobre as estatais. "Eu disse ao Roger que era pra gente ter começado a construir essas siderúrgicas no auge da crise", afirmou o presidente. Lula também se mostrou indignado com a compra que a Vale fez, na China, de 12 navios para o transporte de minério, um negócio de 1,6 bilhão de dólares. "Você vai comprar um pouco mais barato, mas está gerando emprego na China, reclamou Lula". Em sua defesa, a Vale argumenta que tentou fazer as encomendas no Brasil, mas não encontrou estaleiro capaz de atendê-las. Nos bastidores a movimentação do governo era ainda mais intensa. Em julho, o presidente pediu a ministros e auxiliares que estudassem o acordo de acionistas da Vale para tentar substituir Agnelli por alguém mais alinhado com o governo. A esses auxiliares Lula manifestou preferência pelo petista Sergio Rosa. Pelas regras do acordo de acionistas, para demovê-lo do cargo seria preciso conseguir, além do voto do fundo de pensão e do BNDES, o de um terceiro acionista. Nesse contexto, a oferda de 9 bilhões de reais feita em meados de agosto por Eike Batista pela participação da Bradespar na Vale caiu como uma luva para o jogo de nervos travado entre o governo e Agnelli. A amigos, Eike diz que conta com o apoio de Lula e da ministra Dilma. Para resistir a tanta pressão, Agnelli começou a pedir a políticos amigos que intercedessem a seu favor junto a Lula. Paralelamente, nos dias 14 e 15 de agosto, Agnelli e alguns de seus diretores ciceronearam o ministro da comunicação social, Franklin Martins, numa visita a operações e projetos sociais em Carajás. segundo a assessoria de imprensa de Martins, o ministro disse a agnelli que para acabar com o mal-estar bastava a empresa manter o compromisso de fazer, o mais rápido possível, as quatro usinas siderúrgicas prometidas ao presidente."
A reportagem é bem mais longa so que coloquei aqui, recomendo que leiam o original.
Mas a reportagem é extremamente importante para exemplificar algumas coisas:
1) Capitalismo de faz de conta:
O capitalismo Brasileiro é de faz de conta, quem manda em última instância é o presidente bolivariano. Quem determina a política de investimentos de uma entidade privada são os interesses políticos do chefe "revolucionário". Se contrariar o chefe, dança. Isto acontece neste momento com a Vale, e amanhã acontecerá com a sua empresa leitor.
2) Imbecilidade dos empresários:
Agnelli achou que poderia se preservar agradando Lula. Não entendeu até hoje que sua estabilidade no cargo só existe enquanto for do interesse do "chefe". Pseudo amizades podem enganar o empresário, que é um idiota, mas jamais são consideradas por um chefe bolivariano. O chefe só considera quem é útil, e quem não é.
Como Agnelli caiu em desgraça, Eike Batista já se apresenta para ser o idiota da vez, e depois dele virão outros, afinal nunca há escassez de empresário idiota no Brasil. Batista acabou de ser alvo de uma daquelas operações da polícia federal, feitas para expor milionários como troféus de Lula. Não entendeu o jogo, e agora acredita que está com boas relações dentro do PT.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
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