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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Um dia de trabalho em Brasília

“- Alô.
- Presidente, o senhor pode atender o presidente Chavez?
- Claro, estou sempre à disposição para o chefe.
- Vou transferir, então.
- Alô.
- Bom dia iluminado líder.
- Lula, não vem com essa me puxar meu saco, você só ta fazendo m. no Brasil e colocando em risco a revolução bolivariana.
- Como assim mestre? Eu estou trabalhando pelo bem da revolução bolivariana. Já filiei o presidente da FIESP no PSB, o dono da Valisiere no PT e o dono da Natura no PV. Além disso, o Eike Batista agora trabalha prá mim. E ainda não desisti de filiar o Jorge Gerdau no PSTU e o Antonio Ermírio no PSOL. Não tá bom?
- Até que não tá mal, mas eu tô falando dessas notícias na imprensa, onde os companheiros do MST aparecem destruindo plantações. Uma notícia dessas não pode aparecer. A classe média não pode perceber que o cerco tá fechando. Ainda não estamos prontos prá dar o golpe fatal.
- Eu sei divino, isso foi mal. Mas eu vou dar um jeito nessa situação, pode deixar.
- É bom mesmo, senão eu te tiro da presidência. E mando a minha milícia tomar o teu pré-sal. E mando fazer a copa e a olimpíada em Caracas.
- Não reverenciado, não faça isso. Me dá um dia só que eu resolvo essa lambança.
- OK, vou ficar observando.
- Está certo. Saudações ao comandante.”

O dia de trabalho continua:

“- Sim presidente?
- Liga com o Franklin.
- Pois não presidente.

...

- Presidente, vou transferir o ministro.
- Alô. Presidente?
- Franklin, acabei de levar bronca do Chavez. Ele ameaçou até tirar o meu pré-sal.
- Que horror presidente, o que eu posso fazer para ajudar?
- Liga lá na imprensa e manda acabar com essa história de destruição de laranja.
- Pode deixar presidente.”

O dia de trabalho continua:

“- Pois não, ministro?
- Me arranja uma teleconferência com os diretores de jornalismo da Globo, da Record e da band. Agora!
- Já faço, ministro.

...

- Alô.
- Ministro, vou transferir os diretores.
- OK.
- Alô, estão todos aí?
- Sim, chefe!
- Negócio é o seguinte, temos que acabar com esta história de destruição do laranjal agora.
- Mas o que dizemos chefe? Dizemos que as laranjas se auto-destruíram?
- Não, vocês vão dizer que mercenários colombianos de extrema direita se infiltraram no MST, e que foram eles que fizeram a destruição, para desmoralizar o movimento dos trabalhadores.
- Mas ninguém vai acreditar nisso, chefe.
- Vão sim, lembram quando eu trabalhava disfarçado de jornalista? Eu dizia na TV – “não existe mensalão”, e todo mundo acreditava.
- Lembramos.
- Então, é só ir lá e mentir com cara de sério. Todo mundo acredita.
- Mas uma das companheiras sem-terra admitiu em entrevista que foram eles que destruíram...
- Fala que ela estava sob influência de raios alucinógenos, disparados por agentes Israelenses.
- Ah, bom.
- Vem cá, ainda tem algum horário na programação de vocês que ainda não esteja comprado pelo governo?
- Tem, chefe. Pouco, mas tem.
- Façam o seguinte então – bota propaganda lá, em toda a grade. Quero ligar a TV e ouvir “Brasil, um país de todos” o tempo todo, isso é música nos meus ouvidos. Depois manda a conta aqui prá Brasília. Assim vocês não precisam mais gastar dinheiro com departamento comercial nas emissoras.
- Obrigado chefe. Faremos isto. E vamos começar já a disseminar as mentiras para aliviar a barra prô MST.
- OK, ação então. Até mais.
- Se precisar de mais alguma coisa, é só ligar”

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