"Foi por meio do terror de Yenan que Mao alcançou outro objetivo importante: montar o culto à sua personalidade. Todas as pessoas que viveram esse período lembram dele como o momento decisivo em que "estabeleceram firmemente em nossas mentes que o presidente Mao é nosso único líder sábio". Até então, fora possível admirar Mao, apesar das reservas em relação a ele, e fofocar sobre seu casamento com Jiang Qing sem deixar de apoiar sua liderança. Quando lhes disseram pela primeira vez para "estudar" um discurso de Mao, muitos haviam reagido com um grunhido audível: "a mesma coisa de sempre", "não vou me aborrecer lendo isto de novo", "simplista demais". Muitos relutaram em cantar "viva o presidente Mao". Um lembra de ter pensado: "isso era um slogan dos imperadores? Por que estamos fazendo isto? Me senti enojado e me recusei a saudar". Esse tipo de fala - e pensamento - independente foi liquidado pla campanha e estabeleceu-se a deidificação de Mao. O culto não tinha nada a ver com popularidade espontânea, provinha do terror."
"Diariamente, nas intermináveis reuniões, a fórmula simplista de Mao era martelada na cabeça de todos: para cadda erro no partido, culpe os outros; para cada sucesso, faça elogios a ele. Com essa finalidade, a história foi reescrita e, na verdade, invertida com frequência. A batalha de Tucheng, o maior desastre da longa marcha, travada sob o comando de Mao, era agora citada como um exemplo do que acontecia quando o exército "violava os princípios de MaoTsetung". A primeira ação contra o Japão, Pingxingguam, foi creditada a Mao, embora tenha ocorrido contra a sua vantagem. "Deixem bem claro para os membros e quadros do partido que a liderença encabeçada pelo camarada Mao Tsetung está completamente correta", instruiu Mao."
Trechos das páginas 335 e 336 do livro "Mao - A História Desconhecida", de Jon Halliday e Jung Chang.
Em relação ao primeiro trecho, aqui no Brasil não há necessidade de terror. A Globo, a Falha de São Paulo e outros criam o culto à personalidade por cortesia (e verba publicitária estatal).
Em relação ao segundo parágrafo - fature o que der certo e jogue sobre os outros o que der errado, é importante ressaltar para o leitor que estamos falando da China na metade do século XX, não do Brasil do século XXI...
domingo, 26 de julho de 2009
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