Em sua coluna na Veja desta semana o jornalista J.R. Guzzo parte da afirmação feita pelo jornalista americano Gay Talese para construir seu texto. A conclusão do texto de Guzzo é muito boa, mas a afirmação de Talese é equivocada.
Segundo Talese, se um cidadão passar na frente de quatro edifícios, um de jornalistas, um de advogados, um de homens de negócios e um de políticos, em qual estariam sendo contadas menos mentiras? Talese conclui que é no edifício dos jornalistas que se mente menos, e Guzzo concorda com ele.
Eu discordo.
Entre as quatro atividades colocadas por Talese, diria que onde se mente menos é no edifício dos homens de negócio. Não por que sejam bonzinhos, mas sim porquê o mercado precisa de uma certa credibilidade para funcionar. Há necessidade de haver um certo grau de confiança no mundo dos negócios, sob pena de inviabilidade.
Já o lugar onde se mente mais, para mim, é no edifício dos jornalistas.
Em relação aos advogados, considerando que as causas possuem dois lados, e que a verdade deve estar em um deles, temos a possibilidade de encontrar 50% de verdade.
No edifício dos políticos encontramos verdades chocantes: "estou me lixando para a opinião pública". Podemos discordar do conteúdo, mas não da sinceridade da afirmação.
No jornalismo, como já escrevi, parece haver uma incompatibilidade crônica com a verdade. Tudo, ou quase, o que é noticiado, é mentira, é falso. Jornalistas parecem ter sido formados em concursos de histórias de pescador. E suas mentiras são muito mais danosas e duradouras.
Uma mentira proferida por um homem de negócios atinge um determinado grupo. O mesmo vale para as mentiras dos advogados. As mentiras dos políticos possuem alcance maior, mas podemos tirar eles de lá através do voto e deixá-los inofensivos.
Jás as mentiras dos jornalistas atingem a sociedade como um todo, e se perpetuam, transformando a própria história em mentira. E são mentiras covardes, porque pegam a sociedade desprevenida, já que a maioria da população ainda acredita no jornalismo.
Então, senhor Guzzo, gostei muito da conclusão de seu artigo de hoje, mas sem essa de querer proteger a sua profissão. São sim mentirosos contumazes. Para nossa tristeza.
domingo, 19 de julho de 2009
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