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quarta-feira, 8 de julho de 2009

O princípio Samuel Braunstein

Não deixa de me incomodar a avassaladora crise de ignorância que sofre a humanidade, ignorância esta que está na raíz de muito dos nossos problemas.

O fenômeno não se limita a pessoas humildes, com menos acesso a educação e cultura. O fenômeno atinge também, e é aqui que me espanta, pessoas brilhantes, de diploma na mão.

Meu ambiente é o mundo corporativo, e convivo com pessoas brilhantes, inteligentes, espertas, mas que não sabem nada sobre história, sobre política, sobre constituição. Infelizmente, no mundo atual, se soubermos um pouco de futebol e de programas de televisão, estamos preparados para conversar em qualquer roda de amigos.

É triste que no mundo moderno as empresas tenham privilegiado apenas a capacidade das pessoas de ganhar dinheiro, e ignorado completamente sua bagagem de conhecimentos. Esta estratégia pode parecer muito acertada no curto prazo (busca por resultados), mas no longo prazo é a contribuição do mundo corporativo para o processo de desconstrução da sociedade.

Onde só vigoram a esperteza e a força é na selva.

Uns anos atrás eu assistia ao programa O Aprendiz. Roberto Justus resolveu enviar os finalistas para serem entrevistados por quatro presidentes de grandes empresas. Entre os quatro, apenas o presidente da Abyara se preocupou em fazer perguntas que avaliassem a bagagem cultural de cada candidato. E o resultado foi decepcionante. Sabiam decor todos os chavões do mundo corporativo, mas não sabiam responder à questão: "qual o último livro que você leu?".

Quando se reuniram com Justus para a avaliação final, todos os presidentes falaram sobre suas impressões sobre os candidatos, mas apenas o presidente da Abyara disse: "não possuem cultura nenhuma". Justus e os outros três fizeram expressões estranhas, como se pensassem: "sim, mas o que isto interessa?".

Neste fim de semana assisti ao DVD da Escolinha do Professor Raimundo (recomendo), com cenas de episódios apresentados em 1990. Tinha um aluno chamado Samuel Braunstein, um personagem judeu, que sempre errava as respostas às perguntas feitas pelo professor. Depois de receber o zero ele dizia o seguinte:

"Melhor zero no nota que prejuízo na bolso".

O mundo corporativo adotou este princípio em sua conduta.

Já vou reservar uma árvore lá perto de casa para morar daqui uns 20 anos.

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