Há algum tempo concluí que o programa CQC não possui em relação a Lula a mesma “assertividade” que apresenta em relação aos demais políticos. E me desinteressei pelo programa.
Mas assisti à edição de ontem em função da expectativa criada por uma matéria gravada no município de Barueri, em São Paulo. Resumidamente, para quem não assistiu à matéria:
- Em dezembro, disfarçados, integrantes do CQC doaram para a secretaria de educação do município de Barueri uma televisão de última geração, para ser instalada em alguma escola pública municipal;
- A referida televisão tinha um aparelho de rastreamento por GPS embutido, o que permitiu que o pessoal do CQC a acompanhasse por 2 meses – onde estava, que horas era ligada, que horas era desligada;
- A televisão nunca foi instalada em escola, foi levada para a casa de uma funcionária da escola, e lá ficou;
- No final de fevereiro, Danilo Gentilli entrevistou o secretário de educação do município e, lá pelas tantas, revelou que eles eram os doadores da TV e que queriam saber onde estava. Depois de alguns momentos perdidos, o secretário e uma assessora informaram que a TV estava em determinada escola, ao que Danilo respondeu: “Posso ir lá vê-la?”. Claro, respondeu o secretário;
- Nisto um outro veículo do programa estava estacionado na frente da casa onde a TV estava de fato e flagrou sua remoção às pressas para a escola.
O prefeito do município, que não teve nenhum envolvimento direto com os acontecimentos, tentou barrar a apresentação da matéria na justiça, mas teve sucesso por apenas uma semana.
Na terça-feira passada, Danilo Gentilli retornou a Barueri para entrevistar o prefeito. O que seria natural ouvir do prefeito numa situação como esta? Algo como: “vamos abrir uma sindicância, apurar os fatos, e os envolvidos serão punidos”. Mesmo que não acontecesse nada de prático.
Mas não, o prefeito partiu para cima da equipe do programa, chamando-os de babacas, palhaços, sem talento, imbecis, e repetindo várias vezes esses impropérios. A certa altura dizia coisas como: “vocês acham que vão reduzir a minha moral com a população apresentado coisas como essas?”. E por aí foi, com muita ofensa e muita agressão.
Mas o ponto deste post é o seguinte – seria possível um prefeito reagir assim antes do fenômeno “Lula presidente”? Jamais. Antes de Lula os políticos acreditavam que havia povo no Brasil, temiam reações, e tentavam ao menos aparentar alguma compostura. Depois de Lula, e da sucessão de escândalos impunes, todos os políticos descobriram que não há povo no Brasil e que, portanto, não precisam manter as aparências. Se risco há, por mínimo que seja, é apenas para políticos que não integram partidos da base aliada de Lula, como Arruda. Nestes casos, mesmo perante a inexistência de povo, as instituições do país podem funcionar. A serviço de Lula, claro.
terça-feira, 23 de março de 2010
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