PMDB e a política nacional

Desde que passei a entender um pouco e acompanhar política, e lá se vão uns 28 anos, praticamente só vejo o país descer ladeira abaixo, à exceção, em nível federal, do período FHC.

É possível fazer uma analogia entre esta verdadeira desconstrução nacional e o PMDB.
Hoje sei que seu eu tivesse sido adulto nos anos 70, seria simpatizante da ARENA. Mas socialmente a ARENA representava o que deveria ser varrido do país, enquanto o PMDB (MDB) representava a esperança. Mesmo que em retrospectiva minha simpatia vá para a ARENA, não tenho como não reconhecer que havia excelentes quadros no MDB. Ulysses, Brossard, Tancredo, Richa e uma legião de outros bons nomes. Havia então, de fato, razões para representar a esperança.

Quando comecei a entender um pouco e acompanhar política, tornei-me um militante do PMDB. Nas eleições de 1982, aos 12 anos, eu já poderia ser encontrado nas ruas, distribuindo propaganda política do PMDB. Em 1986, aos 16, converti minha casa em comitê eleitoral do partido, distribuí propaganda, colei cartaz em poste (naquela época era comum) e participei de todas as manifestações de rua do partido. O dinheiro da cola (para colar cartaz em poste) saía da minha mesada.

Mas, com o passar do tempo, percebi que os bons estavam morrendo, se afastando, ou sendo condenados à irrelevância, ao passo em que o partido ia sendo dominado por uma quadrilha. Os ideais iam sendo deixados no passado, substituídos pelos novo$ ideai$ do partido, até que se incorporou de corpo e alma no mais absoluto pragmatismo fisiologista, deixando de ser um partido político para se transformar apenas em uma sigla, desprovida de significado, onde são praticados negócios. Os idealistas se foram, restaram apenas os financistas.

É uma síntese do PMDB nas últimas 3 décadas, mas poderia muito bem ser uma síntese da política brasileira neste período. Tanto que os arquiinimigos dos anos 70, ARENA e MDB, agora rebatizados como PP e PMDB, estão unidos, na base aliada de Lula, em nome apenas de $eu$ novo$ ideai$.