Antes das eleições de 2010 um amigo insistiu para que eu me candidatasse a deputado federal, acreditando que eu poderia representar uma renovação no pensamento e na atitude política. Tal amigo até se ofereceu para trabalhar na campanha.
A idéia, contudo, era impossível de consecução prática, pelos seguintes principais fatores:
- Meu sustento vem do meu trabalho, não poderia parar de trabalhar para me dedicar a fazer campanha eleitoral. A menos que tivesse uma fonte de renda que não dependesse do meu trabalho;
- O custo para eleger um desconhecido, como eu, seria de pelo menos uns R$5 milhões. Eu não tenho esta quantia disponível. Se tivesse, ao invés de torrá-la numa campanha eleitoral eu preferiria gastá-la morando na Polinésia Francesa. Portanto, teria que arrecadar esta grana junto a terceiros;
- Como a probabilidade de eu ser eleito era pequena, eu teria que prometer mundos e fundos (vantagens) a quem ousasse financiar minha campanha. Eu já estaria vendido antes mesmo de ser eleito.
O Brasil migrou de um regime militar para uma democracia de faz de conta. A cada 2 anos a massa ignorante comparece às urnas para votar em pessoas que ela não sabe quem são, para elegê-las para cargos cujas atividades ela ignora. Passado o dia da eleição a massa ignorante só voltará a se preocupar com isto dali a 24 meses.
Neste sistema de faz de conta o exercício da política ficou limitado às seguintes categorias:
- Milionários, que podem torrar dinheiro em campanha;
- Herdeiros de caciques políticos, que se elegem usando o nome dos pais;
- Celebridades (artistas, jornalistas, esportistas);
- Pessoas ligadas a movimento de massas (sindicatos, estudantes, etc.);
- Vendidos (candidatos laranjas);
- Velhos caciques políticos;
- Protegidos de caciques políticos.
Em suma, uma aristocracia perfeita e acabada, à qual eu e você, leitor, jamais teremos acesso. Nem nossos filhos, nem nossos netos.
A democracia de faz de conta, na forma em que está estruturada no Brasil, existe para delinear muito bem quem é cavalcanti e quem é cavalgado, e erguer um muro intransponível entre essas duas categorias.
Políticos, partidos, grandes empresários e imprensa atuam diuturnamente para que tudo continue como está.
Os cavalgados comparecem às urnas a cada 24 meses para fazer seu papel no circo da democracia brasileira.
Mas o PT não está satisfeito, ele quer mais. E propõe as seguintes alterações:
- Financiamento público de campanha, ou seja, mais dinheiro para os que já estão lá;
- Voto em lista. Se é para a democracia ser de faz de conta de repente até é melhor mesmo que o eleitor sequer saiba o nome de quem está votando. Fica mais transparente se tratar de democracia de faz de conta.
Propostas para melhorar o sistema? Há, entre elas o voto distrital.
Chance de alguma proposta para melhorar ser aprovada? NENHUMA, pois as mudanças serão votadas por aqueles que se beneficiam do sistema.
sábado, 17 de setembro de 2011
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