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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

"Eu garanto"

Vejam a notícia do side da Veja.com. Comentarei na sequência.

"Embora a Câmara dos Deputados tenha rejeitado, na última quarta-feira, o projeto de um novo imposto para financiar a saúde, o Planalto se mantém confiante na criação do tributo. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, garante: “Haverá um novo imposto para a saúde”. A expectativa do governo é de que o projeto seja aprovado no ano que vem.

Responsável por mediar as conversas entre Planalto e Congresso, Ideli afirma que ainda possui "muitos baldes de saliva para gastar" na tentativa de unir a base aliada do governo – mas reconhece que a crise financeira internacional vai atrapalhar os planos da Presidência de ver o imposto criado ainda em 2011
."

Comento: como Ideli pode "garantir" a criação de algo que independe dela, já que ela não é membro do congresso e não votará nesta questão? Ideli sabe que num país de analfabetos, que brincam de democracia, a única coisa que a separa da aprovação da criação do tal novo imposto é acertar o preço de deputados e senadores.

Funciona mais ou menos assim: alguns deputados e senadores escolhidos permanecem defendendo a criação do novo imposto para manter o assunto vivo na imprensa. Enquanto isto, a maioria dos deputados e senadores dão declarações contrárias à criação do novo imposto, mas não declarações definitivas, que lhes comprometam futuramente com um voto contrário. São declarações na linha do "acho que o momento não é o mais adequado", ou "antes de propor um novo imposto o governo deve avaliar melhor o orçamento e ver se não é possível cortar despesas".

Enquanto isso, nos bastidores, Ideli (a que garante) vai negociando com nossos briosos congressistas: uma emenda aqui, um cargo ali, um contrato com estatal lá e, de repente, há número suficiente para a tão sonhada aprovação.

O único fator que em nenhum momento estará sobre a mesa de negociações será o interesse público, afinal, nossa democracia é de faz de conta, não é representativa. Os congressistas são representantes de si mesmos e, no máximo, de interesses de corporações.

Em alguns momentos já pensei algo na linha do "como empresários, os financiadores de campanha, não usam sua força para barrar a criação de impostos?". A resposta é simples: para os maiores a grana do imposto retorna com sobra, na forma de contratos com estatais, financiamentos do BNDES, ou redução do IPI...Mesmo os menores não pagarão a nova carga tributária, afinal impostos são repassados para os preços. quem paga, no fim das contas, é o povo consumidor, aquele mesmo que nem sabe o significado da palavra tributo, tem certeza que imposto é algo que somente os ricos pagam, e brinca de democracia no dia da eleição.

Eu garanto!

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