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domingo, 30 de agosto de 2009

Carlos Lacerda e a intransigência com negociatas

"Se se enfoca a outra vertente do radicalismo como um "capital da intrensigência", ou seja, do que se ganha ao não transigir com o clientelismo, de ser absolutamente intolerante com o favoritismo na política de pessoal, então podemos tirar um saldo positivo."

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"Um caso emblemático desse posicionamento foi o confronto que surgiu entre Roberto Marinho e Lacerda em torno do Parque Lage, uma grande área verde contendo um palacete, situada no bairro do Jardim Botânico, área nobre da cidade. Segundo conta Raphael de Almeida Magalhães. Roberto Marinho e Arnon de Mello (nota do editor do site - pai de Collor) compraram o Parque Lage ainda nos anos 50 por um preço muito módico, pois o imóvel era tombado. No final de 1960, JK assinou um decreto que destombava o parque, valorizando imediatamente o seu valor de mercado. Marinho e Arnon elaboraram o projeto de um empreendimento imobiliário e obtiveram a licença para começar as obras. Nesse entretempo, Lacerda tomou posse no governo (da Guanabara) e não permitiu o prosseguimento das obras, suspendendo a licença. No final do mandato, quando se aproximavam as eleições, Lacerda procurou Raphael decidido a desapropriar o parque, pagando a indenização correspondente ao valor pelo qual fora comprado. Pensava que no futuro o parque acabaria sendo entregue a Marinho e Arnon, e não concordava nem com o modo como fora feito o negócio nem com a idéia de que a cidade perderia o parque. Pediu a Rapahel que escrevesse o decreto de desapropriação, enquanto ele redigiria a exposição de motivos que acompanharia o decreto. O texto que Lacerda produziu assustava pela virulência com que atacava a pessoa de Roberto Marinho. Rapahel tentou demovê-lo da idéia de anexar o texto ao ato de desapropriação, pois não só contrariaria os interesses de Marinho como o faria voltar contra ele a fúria das baterias de seu jornal e da sua rádio. Como não conseguiu convencê-lo, o decreto foi encaminhado com o anexo, o que provocou a ira de Marinho. Este conta que chegou a sair de casa armado com o propósito de matar Lacerda, mas desistiu no caminho. A mudança editorial do jornal em relação a Lacerda foi notória. O parque continua aberto ao carioca."

Trechos das páginas 72 e 73 do livro Lacerda na Guanabara de Maurício Dominguez Perez.

Lacerda foi um símbolo de político de direita, que não tolera a forma tradicional de fazer política no Brasil, forma esta com a qual o PT e Lula se adaptaram tão bem. Não tolerava negociatas e favoritismos. Pelo texto, parece que JK não tinha a mesma visão de Lacerda...

Quando precisava atacar, atacava pela frente, provocando, no caso citado, a ira de Marinho e a perseguição das Organizações Globo. Lacerda acabou preso pelo regime militar, cassado, e nunca mais ocupou cargo público nenhum.

Já as esquerdas simulam associação de interesses com poderosos, como as Organizações Globo, enquanto vão dando o abraço da serpente.

O Brasil não estava, nem está, preparado para um Carlos Lacerda.

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