Sou daqueles que acha que o governo deveria cuidar de saúde, educação e segurança. Deveria prover estes serviços com qualidade para todos os cidadãos, indiscriminadamente. E deixar o resto para a iniciativa privada.
Este pensamento é minoritário, não só no Brasil, mas no resto do mundo. Governantes e povos acham que seus governos devem se meter em tudo. Com este pensamento dominante, as consequências são as seguintes:
- Para os governantes, oportunidades infinitas de aumentar seus patrimônios pessoais enquanto acupam cargos públicos, além de poder arrrumar uma porção de empregos para a companheirada;
- Para o povo - ficam sem nada. Querem que o governo se meta em tudo, e não conseguem receber, sequer, saúde, segurança e educação.
É uma espécie de pacto onde poucos ganham muito, e muitos perdem, mas que parece ser uma verdade bíblica intocável. Aqueles que ousam pensar como eu são os infiéis.
A medicina é uma questão que causa preocupação. Não sou tão velho assim ... mas só ouvi falar de plano de saúde quando me tornei adulto. Na infância e juventude a família pagava os gastos médicos sem necessidade de planos de saúde. Hoje isto seria praticamente inviável.
E é inviável por que? Porque os custos dos serviços médicos sobem sem parar, mundialmente. Até a economia americana está de joelhos perante o gasto com serviços médicos.
Como parar isto?
Todos nós, por mais perdulários que sejamos, temos um limite em relação ao quanto estamos dispostos a pagar por determinado bem ou serviço. Posso querer muito um determinado carro ou apartamento, mas há um limite no quanto estarei disposto a pagar por ele. As regras de economia de mercado entram em ação.
Mas quanto estamos dispostos a pagar por nossa vida? A resposta é a da propaganda - não tem preço. Desta forma, leis de mercado não valem para serviços onde a nossa própria vida está em jogo. Para nos manter vivos estamos dispostos a gastar tudo o que temos, e ainda obter empréstimos.
Percebendo esta lógica elementar, é claro que a classe médica vai elevando permanentemente o custo dos tratamentos.
De uma certa forma, é como um sequestro. No sequestro dizem - "passa a grana ou matamos o refém". No caso do tratamento médico o discurso é assim - "passa a grana ou deixamos o paciente morrer".
Claro que este discurso é aplicado com toda a cordialidade, cheio de termos médicos e justificativas para não afrontar diretamente o código de ética. Mas na essência é assim.
Há poucos meses atrás minha mãe teve um grave problema de saúde e o médico dela recomendou o tratamento num hospital de primeira linha em São Paulo. Era isto, ou corria risco de vida. Obviamente o caríssimo plano de saúde não contemplava o referido hospital em São Paulo, então o tratamento teve que ser particular. Custou uma verdadeira fortuna, um montante de dinheiro que, para ser ganho, demanda muito, muito, tempo do trabalho da família. Mas foi pago, pois a família se sentiu na situação que menciono acima - "passa a grana ou...".
Desta forma, como valorizamos nossas vidas acima de tudo, nos colocamos na situação de reféns nas mãos de quem tem a capacidade de salvá-las.
Os que têm dinheiro pagam, empobrecem, mas continuam vivos.
Os que não têm dinheiro, morrem.
Obviamente isto é uma injustiça social, que passa ao largo do discurso dos que tanto falam de justiça social (e que faturam votos com este discurso). Agem assim porque descobriram que o povo prefere R$100 no bolso, a bons serviços de saúde.
Saúde deveria ser um serviço público, com o mesmo padrão de qualidade para todos os cidadãos. Assim como educação e segurança. Com bons hospitais públicos, bem administrados, e remuneração dos profissionais definida pelo estado.
É assim que pensa um direitista infiel.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
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Dane-se a saúde ,a segurança e a educação , o que não pode faltar são os R$100,00 da bolsa todo mes no bolso, é somente nisto que o povo está interessado, é o que realmente importa, o resto é somente o resto.....
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