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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Greve dos bancários 2

Recebi hoje o seguinte comentário anônimo através do blog, sobre texto de ontem denominado Greve dos bancários:

"Essa foi a coisa mais ridícula que já li em toda minha vida. Demonstra completa ignorância sobre o assunto, e sobre a realidade dos trabalhadores do Brasil. Ainda bem que você tem um currículo excelente e ganha dinheiro suficiente pra ter tempo de escrever tamanha babaquice. Bancários são muito mais do que aquelas pessoas que trabalham nas agências bancárias. Existem bancários, como eu, que estou em greve, e que fazem a tecnologia dos bancos funcionarem de maneira adequada, ou você acha que as máquinas se programam e atualizam sozinhas? É uma vergonha esse tipo de pensamento em pleno ano 2009. Se informe primeiro, vá em alguma assembléia no sindicato dos bancários, saiba que o banco no qual eu trabalho acabou com a terceirização, aumentou a quantidade de funcionários de 50.000 para mais de 80.000 em 6 anos. E tudo isso, porque realmente precisa, ou você acha que as pessoas que não tem acesso a um Internet Banking gostam de ficar esperando nas filas por causa da falta de funcionários pra atender? Me desculpe, mas você não deveria escrever esse tipo de coisa que só faz ofender uma categoria muito unida e que historicamente conseguiu muitas conquistas."

Retomo:

Acho que qualquer pessoa com alguma inteligência percebe que o setor bancário é um dos mais afetados pelo processo de automação. E também pode projetar que a evolução da automação, e a substituição do dinheiro por meios eletrônicos de pagamento, vai provocar estragos ainda maiores no quadro funcional dos bancos. Ao final, restarão alguns fuincionários, como o nosso amigo acima, que trabalha na área de tecnologia do banco. Mas e os milhares de bancários que trabalham nas milhares de agências hoje espalhadas pelo país? Talvez o nosso amigo acima possa explicar qual será o destino dêles.

Peguei uma parte do meu tempo bem remunerado e fiz uma rapidíssima pesquisa na internet.

Encontrei o seguinte trecho em um relatório de 2009 do IPEA:

"Terça-feira, 07 de abril de 2009, 11h52
Ipea: número de agências bancárias caiu 8% em 17 anos
CAROLINA FREITAS
O número de agências bancárias no País andou na contramão da expansão do sistema financeiro nacional, indica um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), fundação pública federal vinculada à Presidência da República, divulgado hoje. Em 17 anos, de 1990 a 2007, o total de agências caiu 8,4%, passando de 19.996 para 18.308, o que representa uma quantidade de 1.688 agências a menos."

Não bastasse a queda no número absoluto de agências, quem tem algumas décadas de vida, como eu, sabe que as agências bancárias atuais possuem muito menos funcionários do que as agências de 20 anos atrás.

Mas aí eu pesquisei mais um pouquinho, e encontrei uma correspondência elaborada pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região (CUT) em 2007, endereçada ao Ministro do Trabalho Carlos Lupi. Nesta correspondência há um quadro evolutivo do n´´umero de bancários de 1993 a 2006. Em 1993 havia, segundo a correspondência, 665.211 bancários no Brasil. Em 2006 eram 435.820. Qual foi o crescimento da população ativa nesse período? E em 1993 já havia alguma automação, então imaginemos se a comparação partisse, por exemplo, de 1985.

Portanto, reitero o que escrevi - a profissão de bancário caminha para a extinção. E a culpa não é minha, é da automação.

Imagino que quanto mais os sindicatos de bancários enchem o saco, mais os bancos investem em automação. Afinal, computador não faz greve, nem fica o dia inteiro berrando ódio em caminhão de som.
"

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