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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Do Olavo de Carvalho

"O que se passa no Brasil não é uma "degradação dos costumes": é, sim, a destruição premeditada de todas as escalas, a inversão sistemática de todos os valores.

Os costumes degradam-se quando a população já não consegue imitar, nem de longe, os modelos melhores de conduta que a História consagrou e que, ante o olhar de cada geração, se reencarnam de novo e de novo nas figuras das personalidades admiráveis, dos sábios, dos heróis e dos santos.

Quando, ao contrário, todas as personalidades admiráveis desapareceram ou foram postas para escanteio, e em seu lugar se colocam simulacros grotescos ou inversões caricaturais, o problema já não é a desobediência, mesmo generalizada, a valores que todos continuam reconhecendo da boca para fora; é, ao contrário, a obediência a modelos de malícia, perversidade e covardia que se impuseram, pela força da propaganda e da mentira, como as únicas encarnações possíveis do meritório e do admirável.

Quanto mais alto esses personagens sobem na hierarquia social, mais esfumada e distante vai ficando, até desaparecer por completo, a escala de valores que permitiria julgá-los e condená-los; e mais e mais eles próprios se consagram como unidades de medida de uma nova escala, monstruosamente invertida, que em breve passa a ser a única. Daí por diante, quem quer que não a siga e cultue dificilmente poderá evitar a sensação de marginalidade e isolamento que é, nesse quadro, o sucedâneo perfeito do sentimento de culpa.

Calou-se, na alma de cada cidadão, a voz da consciência que, na escura solidão da sua alma, lhe trazia a lembrança amarga de seus delitos e de seus vícios. Em lugar dela, desenvolve-se uma hipersensibilidade epidérmica à opinião dos outros, ao julgamento do grupo, ao senso das conveniências aparentes."

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