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domingo, 8 de fevereiro de 2009

A lógica perversa que nos condena

Carlos Lacerda foi um expoente do pensamento conservador e anti-esquerdista no Brasil.

Pena que nenhum político tenha a capacidade de resgatar o pensamento de Carlos Lacerda e construir um partido conservador a partir dele.

Lacerda teve apenas uma oportunidade de ocupar o poder executivo – foi à frente do governo do Estado da Guanabara.

E fez uma administração revolucionária (no bom sentido), indo contra a lógica que dominou a política Brasileira desde sempre. Infelizmente, o Brasil não estava preparado para Carlos Lacerda.

Vejamos um pouco de Lacerda no trecho do livro “Lacerda na Guanabara”, de Maurício Dominguez Perez. Para quem não sabe, o PT daquela época era o PTB.

“Lacerda procurou formar uma máquina política despolitizada, com princípios, normas e procedimentos completamente alheios aos aplicados pelo PTB até então. Característica e objetivo dessa máquina era a modernização administrativa, implementando um sistema racional, meritório, e portanto impessoal, ao mesmo tempo que o seu estilo personalista eclipsava e absorvia o esforço daqueles que, lançados e ligados a ele, se destacavam no governo. Conseguiu fazer com que a máquina administrativa desemperrasse e produzisse obras, mas essa relação de desempenho, que em certo grau era percebida e valorizada por uma classe média, onde já se localizava seu eleitorado, não era percebida pelas classes mais baixas. Isso porque não era feito um trabalho no sentido de sensibilizar esse segmento e sobretudo porque as lideranças petebistas, retiradas do controle da administração pública, mas mantendo intactas suas estruturas de relacionamento com as bases, conseguiam apropriar-se de algumas melhorias realizadas nesses locais ou então abafavam-nas atiçando o discurso de Lacerda como “assassino de Getúlio” ou de “matador de mendigos”. Em resumo, o método que Lacerda adotara era eficiente para a gestão do estado, mas completamente incapaz de mudar ou deter uma lógica política que fazia um trabalho capilar e oferecia pequenas gratificações a curto prazo. Ante um estado que instalava uma rede de esgoto havia um político que prometia uma bica d’água na favela, um cabo eleitoral para garantir um retorno em votos em troca de um emprego numa repartição pública.”

Ao final de um mandato de realizações e transformações Lacerda não conseguiu sequer eleger seu sucessor.

E todos sabem o que aconteceu com o Rio de Janeiro.

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