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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Mauricio de Souza

As páginas amarelas de Veja desta semana trazem entrevista com Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica.

Maurício comemora o sucesso da nova versão adolescente de seus personagens, com mini-saia e beijos na boca.

Maurício tem o perfil do empresário de sucesso moderno – dar ao povo o que o povo quer. Como na televisão: querem sexo? Sexo ao povo. Querem gente pelada? Gente pelada ao povo. Querem os personagens de mini-saia? Mini-saia neles. E tudo sempre elogiando o “progressismo”, e criticando os “saudosistas”. Mesmo que a população vá se transformando numa horda selvagem. Importante é o caixa da empresa.

Eu jamais poderia ocupar um cargo em emissora de televisão ou editora, pois tentaria usar o meu cargo para realizar alguma ação educativa na população. Não daria audiência, e eu perderia o emprego.

Li a entrevista de Maurício, assim como leio mensalmente as edições da Turma da Mônica desde a infância (exceto a versão jovem/adolescente). Entendo que Mauricio falou bobagem na entrevista:

- Num ponto da entrevista criticou os saudosistas (sou um), defendendo que a infância hoje é muito melhor do que antigamente, pois a criança hoje experimenta de tudo. Seu filho de 10 anos passou alguns dias no interior da Bahia e experimentou nadar em rio, mas já voltou para a cidade para as aulas de inglês e para ser campeão de xadrez. Ou seja, para Mauricio, basta experimentar – uma semana de rio na vida já é suficiente;

- Noutro ponto disse que a infância acaba cada vez mais rápido, que as crianças com 10 anos já querem ser adolescentes, e que por isso ele lançou a versão jovem da turma;

- Noutro ponto ele defendeu o personagem Chico Bento, que mora na roça, pega fruta no pé e nada no rio, dizendo que as pessoas gostam de ler o personagem para se imaginar naquele meio, para se transportar para lá.

- Por fim falou sobre a insegurança nas cidades dizendo que sente que as crianças tenham que viver trancadas em casa.

Meio confuso o pensamento de Maurício – a infância é melhor hoje com aula de inglês do que com nado de rio, mas as pessoas, e crianças, lêem Chico Bento para se transportar para um mundo rural, onde tem nado de rio. A infância, que é muito melhor hoje, segundo Mauricio, acaba cada vez mais cedo, segundo Mauricio. Ou seja, as crianças querem deixar de ser crianças cada vez mais rápido, embora a infância seja cada vez melhor. Por fim, Mauricio sente que a infância, que é melhor hoje, tenha que ser vivida trancada em casa. Antes, quando a infância era pior, as crianças tinham liberdade para brincar na rua.

Sinto dizer Mauricio, mas você está equivocado. A infância é pior hoje. É pior porquê para estudar inglês ou ser campeão de xadrez não é necessário ser criança. Agora, brincadeira, molecagem, subir em árvore, jogar futebol no campinho, são coisas que só se realiza enquanto se é criança.

Tanto isto é verdade que seus personagens (na versão infantil) estão quase sempre ao ar livre, brincando, correndo, jogando bola, fazendo arte. Nunca aparecem em aula de inglês, porquê isto seria muito chato, e ninguém compraria a revista.

Ocorre atualmente uma “adultização” precoce da infância, o que acaba por matar .... a infância. E isto não pode ser melhor.

Um comentário:

  1. Ainda hoje me lembrei dos meus gibis da Turma da Mônica. Devo ter uma ou duas dezenas, guardados sabe-se lá onde…

    Lembrei porque fui transportada para a década de 80 (que eu já considerava muito triste para o Brasil e para o mundo, imagine você…) quando li a notícia da morte do criador do Playmobil, Hans Beck, você viu?

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