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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Política do pão de queijo

Acompanho a política tentando identificar sinais, pequenos, que podem indicar que coisas maiores se escondem nos bastidores.

Por exemplo, quando Arthur Virgilio, logo após a eleição de 2006, onde o PSDB foi derrotado, é convidado para um passeio no aerolula, e sai de lá sem conter seu sorriso de orelha a orelha, isto para mim é um sinal de algo que não cheira bem. Jamais minha confiança em Artgur Virgilio será a mesma de antes do tal passeio.

Tenho acompanhado Aécio Neves com interesse, desde a época que Tancredo Neves o convidou para ser seu assessor, e Aécio deu uma entrevista todo deslumbrado, a bordo de um iate, sem camisa. Tinha 20 e poucos anos.

Tancredo, como se sabe, morreu sem assumir, mas a Aécio, então jovem assessor, foi dado um cargo de confiança no setor de loterias da CEF. Na sequência vieram mandatos de deputado federal, a presidência da câmara, e dois mandatos de governador em Minas.

Leio boas notícias sobre a gestão de Aécio em Minas, mas o que mais vejo de Aécio são notícias nas colunas sociais do Rio de Janeiro, parece que está sempre nas baladas cariocas.

Mas lá vou eu e os tais sinais (que muitas vezes só eu vejo....).

Lembro que ainda durante a campanha de 2002 Aécio e Lula se encontraram num hangar (não me recordo aonde era o hangar). Ao final do encontro, os dois eram só sorrisos, aquele tipo de sorriso que vai além do protocolar.

Aécio fez uma votação espetacular em Minas e Serra, candidato do PSDB a presidente, fez uma votação mediocre em Minas.

O mandato de 2003 a 2006 contempla vários encontros com Lula, encontros reservados diga-se de passagem. Aí vem a campanha de 2006. Aecio faz votação histórica em Minas e, Alckmin, candidato do PSDB a presidente, perde de Lula em Minas.

Isto, no mínimo, é estranho. O raio caiu no mesmo lugar duas vezes.

Tomam posse em 2007 e novamente há uma série de encontros reservados entre Lula e Aécio.

Agora, 2009, vemos Lula e Dilma em plena campanha, e Aécio fazendo o jogo do contra no PSDB. Quer prévias, quer que sejam só em 2010, se não acontecer isto sai do partido, racha o PSDB, conta para o lobo mau, reclama para Lula, enfim.

Disso tudo, fico com uma impressão:

- Lula prometeu algo para Aécio, para 2010 ou, talvez, para 2014, em contra-partida à missão que delegou a Aécio - atrapalhar o PSDB de dentro. Criar problemas, deixar terreno livre para Dilma;
- Pior, Aécio acreditou na promessa de Lula, seja ela qual for, mostrando um grau de ingenuidade incompatível com o cargo de presidente da república.

Hoje li o comentário de um leitor do Reinaldo Azevedo, indignado: "Por quê Aécio não sai do PSDB logo e entra no PT?".

Ora leitor, se Aécio está a serviço de Lula, ele só tem valor dentro do PSDB, criando problemas para o partido. Se sair de lá, perde o valor político.

Um comentário:

  1. Faz todo sentido a sua opinião. O estrago que Aécio pode fazer é integrando o PSDB. Mas também pode ser que a sua ambição seja maior e mais presente. O PMDB pode ser a sua próxima morada dando-lhe os votos para derrotar tanto a Dilma quanto o Serra. O jogo político para quem está de fora é como caleidoscópio. A cada agitação as figuras mudam. O que temos como informação geralmente é o que não está no plano da realização. O balaio de gato que se transformou a política brasileira não descarta nem candidato à presidência de algum emergente do PCC.

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