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domingo, 22 de fevereiro de 2009

Mais um pouco de história

Seguem mais algumas frases e trechos interessantes do livro “Pós-guerra”, de Tony Judt, sobre a dominação comunista no leste Europeu:

“E, portanto, foi necessário ensinar às pessoas a não pensar e não julgar, induzi-las a ver o que não existia e a defender o oposto do que era óbvio para todos”. Boris Pasternak, Doutor Jivago.

“Stalinismo significa matar o homem interior. A despeito do que dizem os sofistas, a despeito das mentiras dos intelectuais comunistas, essa é a questão básica. O homem interior precisa ser morto para que o decálogo comunista seja alojado na alma.” Alexander Wat.

Pág. 179: “O que aconteceu depois de 1945 foi que a União Soviética assumiu o controle, literalmente, a partir do ponto em que os alemães tinham deixado, anexando a Europa Oriental à economia da URSS, como uma fonte a ser explorada à vontade.”

Pág. 180: “Os motivos que levaram Stalin a reproduzir a sociedade soviética nos estados satélites eram, mais uma vez, bastante simples. Na Europa Oriental do pós-guerra, o desejo generalizado por paz, terra, alimento e um novo começo talvez tenha facilitado o caminho dos comunistas até o poder, mas não era uma garantia de apoio local à política soviética. A preferência por comunistas, em relação a fascistas ou a alguma forma de socialdemocracia, não bastava para se sobreviver à experiência concreta de um domínio comunista.
Stalin precisava assegurar a aliança inabalável dos vizinhos satélites, e só conhecia um meio de fazê-lo. Primeiro, o partido precisava conquistar o monopólio do poder. O partido se tornou o único veículo de mobilidade social, a única fonte de patrocínio, e ministrador da justiça – através do controle exercido sobre os tribunais. Segundo, o partido-estado exercia o monopólio sobre as decisões econômicas.
...as tomadas de controle pelos comunistas foram logo seguidas da imposição de uniformidade econômica em toda a região. Primeiramente, em consonância com a redefinição leninista de “socialismo” como questão de propriedade e não de relações sociais, o estado expropriou grandes empresas de serviços, comércio e indústria, nos casos em que essas ainda não estivessem nas mãos do setor público. Em seguida o estado o estado tomou, tributou ou levou à falência todas as empresas que empregavam mais que cinquenta pessoas.
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Um dos procedimentos utilizados para eliminação da classe média detentora de propriedade privada no Leste Europeu foi a reforma monetária. O mecanismo se mostrou eficaz na destruição das poupanças financeiras de camponeses e empresários...
Tanto quanto na União Soviética, no Leste Europeu, sob domínio soviético, a classe camponesa estava condenada. Nas zonas rurais as primeiras reformas implementadas no pós-guerra promoveram a distribuição de pequenos lotes de terra a um grande número de agricultores. Porém, ainda que politicamente populares, as reformas apenas exacerbavam na região a antiga crise agrária: investimentos insuficientes em maquinaria e fertilizantes, elevados índices de subemprego e cinco décadas de contínuo declínio de preços de produtos agrícolas. Enquanto não se viram firmemente investidos de poder, os partidos comunistas do Leste Europeu estimularam, ativamente, uma redistribuição ineficiente de terras. Porém, a partir de 1949, com crescente urgência e agressividade, os partidos promoveram a destruição dos “nepmen” e “kulaks” (burgueses e fazendeiros).
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A natureza irracional, por vezes surreal, das práticas econômicas soviéticas era fielmente reproduzida em todo o bloco.
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Nesse ínterim, em terras bálticas recém “sovietizadas” a conseqüência da reforma agrária comunista foi uma escassez duradoura e institucionalizada, em países onde até então comida era farta e de baixo custo.”

Importante sempre alertar ao leitor que os trechos acima narram fatos ocorridos no Leste Europeu na década de 1940, e não na América do Sul, século XXI, por mais semelhantes que sejam...

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